sexta-feira, 19 de março de 2010

Os caminhos da vida.

"No meio do caminho desta vida,
Paro e revejo a percorrida estrada;
A vara em que me arrimo está partida,
A capa em que me aqueço está rasgada..."

Assim, da forma como está escrito acima, começa um de meus preferidos sonetos, de autoria de meu avô (Dr. Ascânio Ribeiro, membro da Academia Petropolitana de Letras). Ele tinha uma doença, não lembro qual (algum problema pulmonar), que o acompanhou até o final da sua vida. E o soneto é uma "homenagem" à doença. Lúgubre, não? "Errr... O que significa lúgubre, mesmo?" Não se acanhe, vá ao google, risos.

A primeira frase do quarteto é: "No meio do caminho desta vida..." e é sobre ela que vamos conversar hoje. Quando é o meio do caminho da vida? Melhor, o que há de tão especial no meio do caminho da vida?

Encontra-se na INTERNET uma história mais ou menos assim: dizem que as águias quando completam 40 anos sobem ao mais alto cume e lá, iniciam um processo de auto flagelação: quebram as próprias garras, arrancam a própria pelagem e ao final, quebram seu próprio bico; não é um processo indolor. O animal se fere a si mesmo. Há sangue vertido em cada um destes processos. Em pouco tempo, porém, a natureza completa o serviço começado por elas e, como que por milagre, tudo renasce: estão com uma nova pelagem e com garras e bicos mais fortes, prontas para viverem os próximos quarenta anos de vida.

Corroborando, existe uma frase famosa que diz o seguinte: "Não é tolo aquele que dá aquilo que não pode reter para poder guardar aquilo que não se pode perder.". O autor da frase foi um jovem missionário chamado Jim Elliot; ele foi assassinado juntamente com sua esposa e outros três casais por índios brasileiros (é, tinha que ser brasileiro...). Ele viveu o que disse, pois entregou a sua vida terrena em nome da vida eterna. Religiosidade à parte, o simbolismo é semelhante ao das águias: as penas estão velhas, cairão mais cedo ou mais tarde; as garras, quebradiças e fracas, já não agarram mais; e nem seu bico deve ter o mesmo poder que antes. Assim sendo, é melhor abrir mão de "armas" velhas e defeituosas e conservar a sua vida, através da renovação do "arsenal". Ficou clara a comparação?

Estou com 41 anos de idade e verti algum sangue dia 27 de fevereiro - dia do meu acidente. Nada que se compare ao flagelo das águias, nem que indique que eu vá morrer com 82 (quero atazanar meus leitores até os 112, pelo menos, hehehehehehe). Mas para mim, tem sido como se eu tivesse subido ao mais alto cume e aqui, recuperando-me do sangue vertido, também estivesse recuperando algumas das minhas habilidades (e as responsabilidades que as acompanham) esquecidas pelo tempo e pelo desuso. Algo como o que acontece com a águia, na metade de sua vida.
Espero, já que, assim como as águias, estou renovando meu arsenal, que eu lute melhor, ao seu lado, ao lado do bem, por um mundo mais justo.
Beijos e abraços,
Alf.
Ah, sim, quer ler um outro soneto do vô Ascânio? http://emiguir.sites.uol.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário