terça-feira, 23 de março de 2010

Pai e filho, uma relação delicada.

Oi.
Existe no ORKUT uma comunidade chamada "Meu Pai É Muito Chato". Sou o moderador da comunidade. Não à toa. As histórias mais estapafúrdias da comunidade são do Caninho - meu pai. Longe de mim reescrevê-las aqui. Quer lê-las? Visite a nossa comunidade no ORKUT e leia os tópicos do Caninho. São muito engraçados realmente e, o que eu acho mais chato, verídicos.
Hoje, porém, fui visitá-lo. Estou aqui em Volta Redonda desde o acidente de carro, há mais de vinte dias, mas na cabeça de meu pai, eu é que tenho que ir visitá-lo e aos meus parentes, não o inverso. O traumatismo torácico e o craniano, para meu pai, só são desculpas (esfarrapadas, diga-se de passagem), para eu me acomodar. Ele é que não poderia sair de sua casa, no centro da cidade e vir até a mim. Afinal, ele é um velhinho de 80 anos... Velhinho?? Qual velhinho? Aquele que trabalha, namora (numa ocasião, depois de "velhinho", teve três namoradas ao mesmo tempo) e viaja direto e reto pro RJ e SP? Velhinho, sei... Mas me visitar, não pode. Ele é que tem que ser visitado.
Ele não pode também informar meus parentes que eu me acidentei. Minha sobrinha preferida deve ter deixado de sê-la, pois, espantada, me escreveu outro dia querendo saber porque eu não dei as caras, se estou em Volta Redonda; aliás, esta criatura bondosa que é o meu pai me ligou outro dia, para saber porque eu não havia ligado para os meus tios... Repetindo, o acidentado, sou eu; as pessoas é que, ao serem avisadas por quem sabe do acidente, se mobilizam e entram em contato - se quiserem, ninguém é obrigado. Mas meu pai não avisou a ninguém que me acidentei. Deve ter vergonha de ter um filho barbeiro... Melhor, deve ter vergonha de mim, como filho...
Mas não tenho vergonha dele como pai. Certas coisas eu acho que faria exatamente como ele, se não parasse para pensar antes de fazer. Não faço, mas tenho o instinto de fazer. Logo, é da nossa natureza (minha e dele) agir de determinada forma em determinadas situações. Mas me considero um homem maduro o suficiente para não repetir os mesmos erros do meu pai. O que significa que estou pronto para cometer meus próprios novos erros... E errar, como só é permitido aos pais fazerem com seus filhos. Espero que tanto quantitativamente como qualitativamente, eu erre pouco com meu filho. Mas acho que ele, quando chegar à minha idade, talvez pense que não, talvez ele pense que eu errei muito com ele, mais do que qualquer pai na face da terra erraria com seu filho. Coisa de filho e pai...
Sempre admirei meu pai. Acho que é porque não o conhecia direito. Fico porém pensando o quanto somos parecidos e o quanto eu posso vir a fazer o César (meu filho) sofrer.
Amo meu pai e amor é bem isto mesmo, aceitar o outro como ele é. Por pior que seja (tá, esta última foi piadinha - o cara é mala mas não é má pessoa; tem o jeito dele de gostar, só isto).
Beijos e abraços; peço desculpas por não estar muito engraçado hoje. Talvez ver meu pai me faça sentir saudades de minha mãe, já falecida... Ela era o contrapeso na balança do casal. E sem ela, o peso do meu pai talvez se torne muito nítido. Espero que a atual namorada dele também lhe sirva de contrapeso e que ambos possam se ajudar na busca da felicidade.
Busca da felicidade? Ah, sim, por falar nisto, SEJA FELIZ!
+ Beijos e abraços,
Alf.

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