segunda-feira, 15 de março de 2010

Pode alguém adulto e/ou casado se apaixonar?

Oi.


Ontem, quando deixei um recado dizendo que hoje escreveria sobre o assunto do título, estava é pensando em me dar bem. Existe um texto antigo meu, que trata sobre o assunto, de 2006. No máximo eu teria que reajustar alguma coisa. Estou com meu pen drive (meu pen drive, minha vida...). Não encontrei o texto. Desesperado (até parece...), fui pro e-mail, na esperança de encontrar uma cópia; nada. Então, melhor para você leitor(a) amigo(a), que poderá ler um texto original. ;-)


Tenho ilusões. A maior delas é que, com 41 anos de idade, já vi de tudo e que pouca coisa (pouquíssima coisa mesmo) me surpreende. Em consequencia, não me incomodo com aquilo que normalmente incomodaria ou chocaria uma outra pessoa. O tio que engravidou a sobrinha (aí, fui ver os fatos, a sobrinha era empresária e mais velha que o tio...), o genro que foi morar com a sogra (a esposa do cara tinha morrido e eles moravam no terreno da "jara")... Enfim, quase tudo, quando se vai em busca de maiores informações, se desmitifica, se explica; se bem que, às vezes não se justifica. Mas se explica. Logo, se tiver que me surpreender, só me surpreendo quando, após a explicação, ainda assim a história soe como absurda ou burrice. Amo os burros, mas odeio a burrice...


É neste contexto, o de alguém que não se surpreende, que passo a analisar o assunto. Certa feita, ofereci carona a um amigo. Ele disse que não podia sair ainda; precisei voltar e realmente o encontrei lá, na sala de sua chefe, com aquele olhar perdido de "peixe morto". Uma cena simples, que permitiu que eu montasse um quebra-cabeças. Ele era apaixonado por ela.


Meu amgo era/é solteiro. Mas a cena que citei acima é muito comum. Quase sempre nos locais de trabalho, em nome da ética, as pessoas acabam por não se relacionar, mas isto não impede que as coisas aconteçam dentro da cabeça das pessoas, com cumplicidade e, não raro, reciprocidade. Principalmente os mais experientes, sejam casados(as) ou solteirões(onas), permitem que a imaginação tome o lugar da vida real, para não terem o inconveniente de problemas pessoais. E esta imaginação, este sonho, é o primórdio da vida virtual; sonha-se no virtual, muitas das vezes, pensando-se em não realizar no real (porque, em tese, já aconteceu no "outro mundo", o dos sonhos). Tentando explicar: todo adulto que conheço que gosta de cyberpornografia vê vídeos de gang-bang (sexo grupal), mas com certeza, nunca deve ter praticado. É uma manifestação de curiosidade, talvez até de vontade, mas dificilmente um passo para manifestação do desejo. Será que me expliquei direitinho? Platonismos à parte, nessa de ficar sonhando, troca-se a vida real pelo sonho e no sonho, ninguém tem defeito, nada é problema, etc...


Esta é a armadilha da paixão madura: existe a vida real, com seus problemas, mazelas, contas a pagar, mau humor de chefe, de esposa (de marido), de filho(a), de mãe, de irmão(ã), cunhado(a), do escambau e do etc.... Ao invés de se preocupar em soluções, o homem (não faço diferença de gênero aqui; homem, no caso, é alguém feminino ou masculino) procura um escape, uma vida diferente. Começa a pensar como a vida seria melhor se reencontrasse seu amor da adolescência/juventude, em como aquela pessoa mais jovem (ou mais velha) é mais compreensiva que seu cônjuge, em como seria bom viver programas sociais ao lado de alguém que se gosta (e não com a penca de gente que ele(a) tem que levar consigo a qualquer lugar...). Caso esses pensamentos ficassem só na virtualidade, que bom, dos males o menor. Só que, como diz a colaboradora Mírian, de Brasília, "do virtual pro real é um pulinho". E temos aí o nosso adulto apaixonado.


O problema é, porém, o que o adulto fará com esta paixão. Tirar da cabeça? Beleza! É fácil, né? Já tentou tirar alguém da cabeça quando você está apaixonado? É praticamente impossível. Eu entendo hoje porque os casamentos duravam tanto no passado. É que o povo quase não se via (de novo: não tinha cheiro, não tinha gosto, não tinha grito, querência, etc...), era tudo por carta e o povo se apaixonava por uma idéia e não por alguém. Bastava manter a idéia, que o amor se mantinha. Isto explica também as modernas relações via Internet que dão certo (conheço um casal que se falou durante anos na net e quando se conheceu foi amor à primeira vista). E porque não dizer, isto explica também as paixonites tardias. Dada a diversa gama de circunstâncias que envovlem essas relações, elas só despontam após a certeza da cumplicidade e reciprocidade - e depois de uma dose altíssima de sonho e fantasia.


Sim, eu acredito nas paixões maduras, seja homem ou mulher, casado(a) ou não. Resta saber se vale a pena trocar toda sua história de vida por algo que, pelo menos até a troca, só existe virtualmente em seus pensamentos.


Se eu já me apaixonei depois de velho? Claro que sim! Todos os dias, por todos vcs, aqueles(as) que me lêem ;-) .


Bjão do Alfonsão.

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