terça-feira, 6 de abril de 2010

O Boêmio

Oi.
Lembro-me de, ainda criança, escutar os discos de meus pais. E eles influenciaram em muito, meu gosto musical. Gostava de ouvir, por exemplo, Nelson Gonçalves. Cantava as letras de cor, de tanto que as ouvia. Eram pérolas de criatividade e transmitiam aos meus ouvidos uma vida que eu não conhecia. Gostava de "Normalista", "Mariposa", "Escultura", "Negue"... E tantos outros sucessos, uns tantos regravados por intérpretes mais jovens. Mas uma, era espetacular:
"A Volta do Boêmio". A letra era soberba, mas não era só isto; "Escultura" possuía uma letra muito mais bonita e demandava uma certa evolução cultural de quem ouvia, mas não superava de jeito nenhum o encantamento que "A Volta do Boêmio" exercia em mim e em tantos outros admiradores.
Pois bem, a música falava sobre alguém que desistiu de uma vida de esbórnia, por outra, ao lado da pessoa amada. Lá pelas tantas, a mulher pede que ele volte à vida de boemia, pois ele mais ama a boemia do que a vida ao lado dela.
Claro, poesia é o que não falta ao compositor desta música, que consegue transformar uma situação trágica, a separação, numa canção de despedida em que a mulher entende o outro.
Lêdo engano dos que vêem a coisa desta forma. Muito provavelmente o senhor boêmio não era dado ao trabalho. As lides do lar não o apeteciam. Sua mulher deve ter se cansado de ser o macho da casa, constatou que seu homem não servia para marido e o jogou na rua, antes que a levasse para o buraco junto com ele.
Eu sei, novamente eu lanço um olhar duro sobre a vida. A boca fala daquilo que o coração está cheio, diz o provérbio; eu o parafraseio aqui, dizendo que a escrita transcreve daquilo que a mente está cheia. Venho de um mês duro. Talvez haja ainda muita dureza para se ver nesta vida. Mas escolhi falar sobre o boêmio porque percebi que posso estar sendo como ele.
Em Volta Redonda me espiritualizei. Me voltei para as coisas do Espírito. Mas assim como o boêmio voltou para a boemia, também eu, ao voltar para Brasília, me carnalizei. Certo, entendo seu espanto e já vou adiantando que continuo sem comer ninguém - isto é um axioma e axiomas não se discutem. Mas estou maledicente, "um homem impuro que habita no meio de um povo de impuros lábios". Estou impaciente. Angustiado. Quase triste (não me deixo ficar triste...)...
Talvez o boêmio da canção não tivesse outra alternativa, senão voltar para a boemia. Quanto a mim, no intuito de me sentir bem comigo mesmo, espero que eu consiga me voltar novamente para a espiritualidade, melhor, que eu consiga valorizar a minha espiritualidade, mesmo em meio aos problemas e desafios do quotidiano...
Ei, você! Você mesmo que está me lendo agora. Não adianta dar um ctrl+tab e ir para a outra guia do seu navegador de Internet. A pergunta é simples e a resposta que você dará, para si mesmo, é mais simples ainda: você tem se sentido bem consigo mesmo ou sua vida resume-se em voltar para "a boemia", para o lugar de onde você saiu para vencer mas, por não vencer, teve que voltar? Eu posso até momentaneamente ter voltado para a minha "boemia", mas não perdi as minhas esperanças de vitoria e tenho certeza que em breve serei novamente levado para um lugar ou situação em que eu me sinta bem comigo mesmo. Eu acredito também que o mesmo possa acontecer com você. Eu espero a sua saída da "boemia", para um lugar de vitória.
VENÇA!
Beijos vitoriosos,
Alf.

Um comentário:

  1. Olá, quanto tempo!! Andei lendo seu blog, quantas mudanças do evangelista espiritualizado em VR pro boêmio no DF.hehehe!! Deus não perde batalhas!!
    bjs
    Janayna

    ResponderExcluir